A CIBERNÉTICA
A
Cibernética estuda as máquinas automáticas e os seres vivos no que eles
têm de sistemas auto-governados. Assim, tendo determinado as leis de
tais sistemas, conseguimos, pouco a pouco, compreender que sua aplicação
é muito mais geral do que se poderia pensar, porque a própria natureza é
um sistema auto-governado.
Cito o exemplo da "tartaruga artificial" de Grey Walter (autor do livro Living Brain,
Nova York, Norton, 1953), vivendo a sua própria vida, alimentando-se de
luz, procurando um canto para digerir, usando os seus próprios recursos
para esses fins.
A CIBERNÉTICA
* Roque Theophilo* O
termo Cinernética é bem mais antigo do que se costuma supor e não se
relaciona só a máquinas, mas também a certos sistemas do organismo
humano.
A
Cibernética a princípio parece ser uma novidade em termos científicos,
mas é, porém, muito antiga, e suas relações com o ser humano é muito
estreita, quer no que concerne ao soma, quer no que concerne à psique.
Daí ser um tema bem actual em psicossomática.
Platão, em Gorgias (ou Córgias),
escreveu: "A Cibernética salva dos maiores perigos não apenas as almas,
mas também os corpos e os bens". Cibernética é um termo hoje já
incorporado à linguagem do quotidiano, e se define como a ciência de
todos os automatismos, tanto das máquinas quanto dos seres vivos.
Devemos, entretanto, considerar que não é um capítulo do conhecimento
humano moderno.
Linguagem hermética
A
Cibernética é, sem dúvida, uma "ciência da perplexidade", porque muito
se fala e se escreve dela, na maioria das vezes dentro de uma linguagem
hermética e direccionada a especialistas.
Para
sermos claros, é necessário conhecer os meandros das ciências, que têm
uma relação íntima com a Cibernética, que no caso é a homeostasia.
O
psiquiatra inglês Walter Ross Ashby, director do Laboratório de
Investigações de Barnwood House, Gloucester foi o primeiro a lançar-se
na aventura de conquistar, pelo génio humano, um novo grau de
automatismo, criou o homeostato, que é um aparelho que procura, por seu
próprio comportamento, responder às excitações que lhe tenham sido
fornecidas por intermédio de uma célula fotoeléctrica, de um termómetro
ou de um microfone. O homeostato compreende certo número de elementos,
todos idênticos à maneia dos neurónios de uma zona cerebral.
Cabe
aqui tecermos considerações sobre o termo homeostasia que, em
fisiologia médica significa a tendência à estabilidade do meio interno
do organismo, enquanto que para a Cibernética a homeostasia estuda as
comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas
também com as máquinas.
A
homeostasia é a propriedade auto-reguladora de um sistema, ou
organismo, que permite manter o estado de equilíbrio de suas variáveis
essenciais ou de seu meio ambiente.
A
denominação homeostasia foi criada por Walter B. Cannon, em 1929, para a
actividade coordenada do organismo, mediante adaptações autómatos,
frente às condições ambientais mutáveis.
Regulador do metabolismo
Na
realidade, o mecanismo de homeostasia funciona, fisiologicamente, como o
sistema simpático. Em 1934, Popoff seccionou as ligações
parassimpáticas, e após alguns dias, passada a fase de choque, o
controle de temperatura, da circulação e do metabolismo se normalizava.
Essa recuperação não ocorre quando a secção é do sistema simpático
(Cannon).
A
palavra homeostasia era quase desconhecida na França. No entanto,
constitui o título de uma conferência pronunciada na Sorbonne, em 1930, e
publicada, em seguida, no Cours des Facultes pelo grande
fisiólogo norte-americano Walter B. Cannon, que foi a Paris como
"professor de intercâmbio" da Universidade de Harvard.
Nada
melhor que a definição de homeostasia dada pelo seu próprio autor:
"Homeostasia é a faculdade que um organismo vivo tem de manter
relativamente constante um certo estado de equilíbrio". Em suma,
homeostasia normalmente eficaz pode interromper, em certos estados
anormais, as emoções negativas, a ansiedade ou angústia que são os
principais descompensa dores do sistema simpático.
Agora podemos compreender, ainda melhor, os mecanismos das doenças psicossomáticas e as suas relações com a Cibernética.
A História da Cibernética
* Roque Theophilo* A
Cibernética é uma palavra de origem remota que explica o estudo das
funções humanas de controle e dos sistemas mecânicos e electrónicos que
se destinam a substituí-los. Cibernética é uma palavra que se origina do grego kibernetiké
(timoneiro; o que governa o timão da embarcação; o homem do leme, em
sentido figurado, ou aquele que dirige ou regula qualquer coisa; guia,
chefe). A palavra também é designativa de piloto. No grupo de Norbert
Siener, considerado o introdutor da cibernética nos moldes que vem sendo
empregada actualmente, fisiologistas e matemáticos estavam sentindo a
falta de um vocábulo que lhes permitisse entenderem-se, pela falta de um
termo capaz de exprimir a unidade essencial dos problemas de
comunicação e controle na máquina e nos seres vivos, já que todas as
palavras até então propostas, ou se extremavam muito nas máquinas ou, em
caso contrário, na vida.
Procuravam,
de fato, exprimir a qualidade de nova ciência. Daí apelou-se, segundo
Norbert Wiener (1894 – 1963), norte-americano considerado o pai desta
disciplina, por se criar uma palavra artificial, neo-grega: Cyberbética de kubernétes (piloto de navio e, por extensão, governador de um país, que exprime bem a ideia de comando, de condução). Platão, na sua obra Diálogos, utiliza o termo para denominar a arte de navegar e de administrar províncias. No livro Górgias,
diz: "A cibernética salva dos maiores perigos não apenas as almas, mas
também os corpos e os bens". Pôs a palavra na boca de Sócrates, também
como substantivo, com o sentido de "ciência da pilotagem".
Andrés Maria Ampère, no vasto Ensaio sobre a Filosofia das Ciências,
obra inacabada que ele dizia ser "uma exposição natural dos
conhecimentos humanos", colocou a cibernética no capítulo da política,
definindo-a como a parte da política que trata dos meios de governar,
criando a palavra kybernesis.
Psicocibernética
Maxwell Maltz, famoso cirurgião plástico e psicólogo, criou o termo psicocibernética em seu livro Psycho Cybernetics,
para indicar o controle da psique humana para uma finalidade produtiva e
útil. Para ele, os sentimentos negativos podem desviar uma pessoa de
uma finalidade positiva e pela psicocibernética a pessoa pode ser
encaminhada para realizações satisfatórias.
Antigamente,
acreditava-se que o cérebro humano era constituído de 12 a 14 milhões
de neurónios, dispostos de forma caprichosa e associados por filamentos
nervosos com os órgãos e os tecidos do corpo.
Dados
mais recentes indicam que não se conhece ainda o número exacto de
neurónios. O cerebelo, "oficina que manobra" o sistema nervoso central,
contém em torno de 100 milhões de células. A organização morfofuncional
dos neurónios representa a unidade universal do sistema nervoso.
Santiago
Ramon y Cajal (1852-1934), Prêmio Nobel (1906), foi o primeiro e grande
entusiasta a desenvolver estudos sobre os neurónios, enriquecendo o
conhecimento do tema com as suas investigações.
O
cérebro tem na vida animal implicações constantes com situações
cibernéticas para sobrevivência e procriação da espécie. Exemplo: os
vôos dos pássaros seguem princípios cibernéticos quando se deslocam
milhares de quilómetros, de uma região para a outra, conforme a estação
do ano mais adequada para a sua sobrevivência, sem estarem ligados aos
noticiários dos boletins meteorológicos fornecidos pelos mais avançados
laboratórios aeroespaciais, orientados por satélites. Os esquilos, que
nascem na primavera, sem nunca terem vivido um inverno, colhem castanhas
no outono para poderem sobreviver durante a estação mais fria.
Em
espectáculos circenses, quando os apresentadores "somam" números
simples, o cachorro late o resultado da operação, embora obedecendo
sinais imperceptíveis para a plateia. Quando se lhe mostra a tabuleta
com o número três, late três vezes; quando é o número cinco, cinco vezes
e assim sucessivamente. Tal comportamento, aprendido pelo cachorro,
segue mecanismos cibernéticos.
No
interior do cérebro humano encontra-se um minúsculo "computador
electrónico", um "gravador", isto é, um "servomecanismo automático", que
é um complexo mecanismo que poderá conduzi-lo a estabelecer os seus
próprios objectivos cibernéticos.
O
homem pilota a sua relação arbitral, isto é, a sua vontade,
ciberneticamente a um determinado objectivo; portanto, não se pode dizer
que o homem seja uma máquina, mas sim que pilota e controla as suas
acções. Por exemplo: estão arquivadas na memória mecanismos de sucessos e
de fracassos em nosso "computador electrónico". Quando desadequávamos
vivências passadas bem sucedidas, certamente se reavivarão sentimentos
de confiança que acompanharam tais experiências bem sucedidas, o que se
dará no caso inverso quando são evocados os fracassos.
Pai da cibernética
Surge
da fisiologia a certidão de nascimento da cibernética de Wiener. Ele
apresentou ao filósofo Rosenblaut a seguinte pergunta: "Existirão
desarranjos nos feedbacks do sistema nervoso? E quais serão as suas
causas?". Foi a partir daí que a cibernética nasceu, pela
interfecundação da mecânica e da fisiologia.
Existem,
entretanto, controvérsias quanto ao pioneirismo da criação do termo. O
próprio Norbert Wiener considera que Gottifried Wilheim Leibiniz
(filósofo, matemático, teólogo, jurista, historiador e lingüista
alemão), pelos conhecimentos que tinha de linguística e pelas ideias de
comunicação, foi o antecessor intelectual das ideias que expôs no The Human Use of Human Beings,
publicado nos Estados Unidos em 1950. Por outro lado, declara que as
suas concepções estão muito longe de serem iguais a Leibiniz.
As
máquinas computadoras de Leibiniz eram apenas uma derivação de seu
interesse por uma linguagem de computação, um cálculo raciocinante que,
por sua vez, era em seu espírito, apenas uma extensão da ideia de uma
completa linguagem artificial.
Wiener,
em 1960, visitando os laboratórios do famoso fisiologista russo P. K.
Anokin, em Moscou, reconheceu publicamente a prioridade de Anokin na
aferição do retorno que consiste nas excitações, colhidas pelos
correspondentes receptores, que levam ao surgimento de uma especial
sinalização nervosa, que se dirige até o sistema nervoso central.
Este
conceito cibernético, pela primeira vez formulado na história da
ciência, foi enunciado pelo filósofo russo, em 1935, na sua célebre obra
Problemas do Centro e da Periferia a Fisiologia do Sistema Nervoso. Foram 13 anos antes de Norbert Wiener haver formulado pensamentos análogos sobre a cibernética.
Pouco
antes de morrer, em 1962, perguntado sobre qual seria a posição da
ciência na década de 80, retrucou: "Os problemas fundamentais da
biologia vão estar de tal maneira ligados ao sistema e sua organização,
quanto ao tempo e ao espaço, e aqui a auto organização terá que jogar
com o seu papel fundamental. Por isso, minha opinião sobre a ciência da
vida é de que não apenas se dará a assimilação da física pela biologia,
porém, o processo contrário, ou seja, a assimilação da biologia pela
física."
Em A Cibernética do Sistema Nervoso,
que enfoca o problema da cibernética relacionada com a religião ele,
parodiando a Bíblia, afirma: "Seja dado ao homem o que é do homem e ao
computador o que é do computador."
Fábio
wagner Conclui que a Cibernética é um grande portal, porque ela abre um
domínio onde as ciências exactas se unem à filosofia, onde a metafísica
se une à lógica, de onde se abrem estradas virgens para velhos lugares.
Portanto, a própria metafísica se torna lógica. Mas
Cibernética é uma palavra que entrou bruscamente na moda, e há bom
tempo deixou para segundo plano o vocábulo átomo. É modismo dos
laboratórios de hoje o desejo de suplantar, pela automação, a própria
obra de Deus que é o homem, elaborando, de forma artificial, a génese
humana com máquinas que acreditam que pensem; daí, urge que se
estabeleçam códigos bioéticos, pois que da forma que estamos caminhando,
um belo dia, como o aprendiz de feiticeiro, criar-se-á um monstro que
não poderá ser controlado, suplantando a vontade do homem que o criou.
BIBLIOGRAFIA
- www.psicologia.org.br/internacional/ap9.htm
- www.psicologia.org.br/internacional/ap10.htm
- www.paralerepensar.com.br/ivoneboechat_aciberneticasocial.htm
- www.artigos.etc.br/a-cibernetica-e-a-contemporaneidade.htm
- esté trabalho está disponivel em: www.fabiobook1.blospot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário