quarta-feira, 10 de abril de 2013

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL


ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

Sendo referente de um velho e novo tema, estratificação social constituiria, segundo alguns, um conceito abrangente que incluiria quer a teoria de classes marxista, quer outras teorias não marxistas, nomeadamente a estrutural-funcionalista. Uma tal concepção ampla assume que os sistemas de estratificação têm sido uma constante em todas as sociedades, desde as caçadoras e as recoletoras, passando pelas sociedades de castas, despóticas e testamentais, até às modernas - industriais. Importa, porém, relevar que, enquanto, na maioria das sociedades não modernas, a estratificação era percebida como algo de inerente à ordem 'natural' das coisas, na época moderna, nomeadamente após a Revolução Francesa e outras contemporâneas, tal pressuposto 'naturalista' sofreu um sério abalo teórico, nomeadamente a partir do pensamento rousseauniano.
A designação de estratificação social, metaforicamente aplicada às Ciências Sociais, remete-nos para uma realidade estudada pela Geologia, que diz respeito à disposição de diversas camadas da Terra ordenadas em posições diferenciadas e verticais. É nesta óptica que, em termos sociológicos, diversos autores (Sorokin, Davis, Moore e Parsons) definiram estratificação social como a diferenciação de determinada população em estratos hierarquicamente sobrepostos, desde os inferiores aos superiores. Mas, desde o início, o uso do termo estratificação, nomeadamente por parte dos teóricos estrutural-funcionalistas, pressupõe critérios mais normativos que materiais de descrição e classificação dos grupos sociais nas sociedades designadamente contemporâneas, os quais se opõem diametralmente aos sustentados pela teoria marxista em torno das classes. Este dilema obriga-nos a equacionar duas grandes tradições sociológicas, em contraste, não só quanto ao número de classes, como sobretudo quanto à própria definição de estrato/classe: uma de inspiração estrutural-funcionalista, mais fortemente acentuada desde os anos 50, e uma outra, a marxista, que, não obstante variantes internas, é sustentada desde os fundadores do marxismo, no século XIX, até ao presente.
Quanto à tradição (estrutural-)funcionalista, as sociedades e os respectivos estratos ou grupos são definidos e caracterizados em função do rendimento, do nível de instrução, do prestígio ou mesmo da própria percepção dos atores sociais, sem se preocupar em estabelecer as causas ou então remetendo o fenómeno da estratificação para os seguintes factores 'explicativos', eventualmente interligados:
(I) para a maior ou menor importância das diversas funções, preenchidas de acordo com o treino, a competência e o talento dos indivíduos nas respectivas tarefas da divisão do trabalho;
(II) para factores hierárquicos de ordem normativa e valorativa, sendo os atores sociais hierarquizados, sancionados, recompensados ou remunerados de acordo com o grau de identificação com as normas e os valores comuns, os grupos de referência e as variáveis-padrão existentes em cada sociedade, nomeadamente o critério meritocrático na sociedade moderna (achievement);
(III) para as leis da oferta e da procura inerentes à economia de mercado, as quais, na versão (neo) liberal, permitem estabelecer a distribuição do rendimento, do prestígio, da influência e, em última instância, do poder.
No campo marxista, embora hoje haja autores (neo) marxistas que evitam um conceito economicista de classe social, sustentam, acerca desta, um conceito pluridimensional e até estabelecem criativamente algumas pontes teóricas com o weberianismo. Para a concepção marxista tradicional, a classe era basicamente analisada a partir do lugar ocupado pelos atores sociais no sistema económico, ou, mais precisamente, no/ou em face do processo de produção.
Já Weber, porém, sendo sem dúvida o autor que forneceu uma visão tridimensional da estratificação (económica, social e política), pode ser considerado o sociólogo mais abrangente na necessária síntese a operar entre critérios subjacentes à teoria da estratificação e à teoria das classes sociais. Através do conceito de testamento/estatuto (stand), Weber releva o grau de estima, honra e prestígio como o critério social de aferição do sentimento de pertença a determinado grupo e seus correlativos modos ou estilos de vida, eventualmente exercidos em círculo fechado (por ascendência, profissão, educação, etnia ou religião) e expressos em diversas formas (connubium, comensalidade, círculos de convívio); através do conceito estrito de classe designa o critério económico da distribuição de poder de disposição sobre bens, serviços, qualificações e outros recursos, nomeadamente as capacidades aquisitivas nos diversos tipos de mercados; e, através do conceito de partido, dá conta da distribuição do poder político (elites, camadas dirigentes).
Neste quadro, poder-se-á objectar que o conceito estrutural-funcionalista de estrato é insuficiente, na medida em que não fundamenta por que é que determinadas funções são mais importantes que outras, como e porque é que há uma desigual distribuição de talentos, além de outros serem desperdiçados por falta de recursos. Por outro lado, além de o sistema de valores não ser partilhado por todos os atores sociais no seio de determinada sociedade, as diferenças de salários e recompensas nem são explicáveis por factores normativos, nem sempre dependem da oferta e da procura, mas reconduzem-se a razões institucionais ou situações de privilégio em base económica, política ou religiosa (por herança, situação de classe, casta, hierarquia religiosa ou política).

Estratificação social em Angola
Em Angola as diferenças, a estratificação social, são vistas como fruto de formas sociais de exploração de uns pelos outros e que se perpetuam pela herança, pela inércia política, pela ideologia, pelos processos históricos. Assim, mesmo a mais talentosa e genial das pessoas pouco realizará do seu potencial se não tiver nascido em um berço favorável.
Segundo CALIXTO ALEXANDRE HAMES Na Sociologia, na Antropologia e em outras ciências sociais, a estratificação social refere-se a um arranjo hierárquico entre os indivíduos em divisões de poder e riqueza em uma sociedade. É a diferenciação hierárquica entre indivíduos e grupos, segundo suas posições (status), estamentos ou classes.
Normalmente consideram-se três tipos principais de estratificação social:
  • Estratificação económica: baseada na renda ou posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária;
  • Estratificação política: baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder);
  • Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de advogado do que a profissão de pedreiro.
A estratificação social consiste na separação da sociedade em grupos de indivíduos (estratos sociais) que apresentam características parecidas, como por exemplo: negros, brancos, católicos, protestantes, homem, mulher, pobres, ricos, etc. A estratificação expressa desigualdades.
Podemos perceber a desigualdade em diversas áreas:
  • Oportunidade de trabalho
  • Cultura / lazer
  • Acesso aos meios de informação
  • Acesso à educação
  • Género (homem / mulher)
  • Raça e/ou etnia
  • Religião
  • Economia (rico / pobre)
  • Origem geográfica (jus soli)
  • Dialecto / diferenças fonetico-linguisticas
A estratificação social esteve presente desde os primórdios da civilização mas mudou de forma. O advento do capitalismo e sobretudo a revolução industrial transformou os sistemas económicos e a sociedade, com o surgimento da sociedade de classes e da desigualdade entre classes.
Umas das características fundamentais que distingue as sociedades ocidentais modernas das sociedades tradicionais é a possibilidade de mobilidade social. Diferentemente das sociedades de castas ou da sociedade medieval - na qual quem nascesse servo morreria servo, não tendo a possibilidade de mudar de estamento - na sociedade ocidental contemporânea isso é possível, e a mobilidade social (ascendente ou descendente) pode ocorrer como consequência, por exemplo, da maior ou menor facilidade de acesso a serviços (de educação, transportes, segurança pública, saúde, habitação, etc) os quais podem ou não ser de responsabilidade do Estado. Se o acesso à educação fundamental gratuita, por exemplo, é garantido constitucionalmente, a ausência ou má qualidade desse serviço pode levar a reivindicações por parte dos cidadãos, através do movimento social, que consiste na mobilização daqueles que acreditam ter seu direito desrespeitado ou que se consideram excluídos do acesso a um direito seu. A estratificação social pode, portanto, expressar não só a desigualdade entre os homens mas também a exclusão de indivíduos ou grupos da possibilidade de exercer determinado direito.
A estratificação social pode ser feita através de:
a) Castas compostas de um número muito grande de grupos hereditários. Os papéis das pessoas na sociedade são determinados por sua ascendência. Esse é um modelo de estratificação que não apresenta nenhuma possibilidade de mudança de posição social, por isso é chamado de fechado, pois a pessoa que pertence a uma casta só se pode casar com um membro da mesma casta. Ex. na Índia a estrutura de castas tem natureza religiosa.
b) Estamentos: constituem uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas do que as das classes sociais e mais abertas do que as das castas, motivo pelo qual é chamada semi-aberta. Os Estamentos são reconhecidos por lei e geralmente ligados ao conceito de honra, ou seja, o prestígio é o que determina a posição da pessoa na sociedade. Ex.: a sociedade medieval.
c) Classes: constituem uma forma de estratificação social onde a diferenciação entre os indivíduos é feito de acordo com o poder aquisitivo. Nas sociedades democráticas, não há desigualdade de direito, pois a lei prevê que todos são iguais, independente de sua condição de nascimento, mas há desigualdade de fato.
Estratificação segundo a renda familiar
A classificação adoptada pelo IBGE na PNAD 1998 [1] baseia-se no critério de renda domiciliar mensal (entendida como a renda total, em salários mínimos, de uma família de 4 pessoas), e é constituída por sete estratos de renda:
  • 20 Salários mínimos e mais
  • Mais de 10 até 20 salários mínimos
  • Mais de 5 até 10 SM
  • Mais de 3 até 5 SM
  • Mais de 2 até 3 SM
  • Mais de 1 até 2 SM
  • Até 1 SM
Já a Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2002-2003 [2] considera seis classes de renda familiar mensal per capita, a saber[3]
  • Até 1/4 de salário mínimo per capita
  • Mais de 1/4 a 1/2 SM per capita
  • Mais de 1/2 a 1 SM per capita
  • Mais de 1 a 2 SM per capita
  • Mais de 2 a 5 SM per capita
  • Mais de 5 SM per capita

RESUMO DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes. São três os principais tipos de estratificação social:
·         Estratificação económica: baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária;
·         Estratificação política: baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder);
·         Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de advogado do que a profissão de pedreiro.
A estratificação social é a separação da sociedade em grupos de indivíduos que apresentam características parecidas, como por exemplo: negros, brancos, católicos, protestantes, homem, mulher, pobres, ricos, etc. A estratificação é fruto das desigualdades sociais, ou seja, existe estratificação porque existem desigualdades. Podemos perceber a desigualdade em diversas áreas:
·                 Oportunidade de trabalho
·                 Cultura / lazer
·                 Acesso aos meios de informação
·                 Acesso à educação
·                 Gênero (homem / mulher)
·                 Raça
·                 Religião
·                 Economia (rico / pobre)
A estratificação social esteve presente em todas as épocas: desde os primeiros grupos de indivíduos (homens das cavernas) até nossos tempos. Ela apenas mudou de forma, de intensidade, de causas. A revolução industrial e a transformação dos sistemas económicos contribuíram para que as questões sobre a desigualdade social fossem melhor visualizadas, discutidas e percebidas, principalmente depois do advento do capitalismo, tornando-as mais evidentes. Umas das características fundamentais que distingue nossa sociedade das antigas é a possibilidade de mobilidade social. Diferentemente da sociedade medieval na qual quem nascesse servo, morreria servo, e na qual não era possível lutar por direitos e por uma oportunidade de mudar de classe. Na sociedade ocidental contemporânea, por exemplo, isto já é possível, e a mobilidade social se dá especialmente como consequência dos investimentos em educação, dos investimentos de formação e capacitação para o trabalho, que podem vir tanto do Estado quanto da própria iniciativa social. Em muitas ocasiões, a mobilidade social pode ser reivindicada por meio de movimentos sociais que, em sua maioria, reivindicam legitimidade diante da posição marginal de poder em que se encontram na sociedade. Só existe estratificação social por que ainda existe desigualdade entre o homem, gerando assim a exclusão do indivíduo da sociedade de modo geral. Com a exclusão desse indivíduo forma-se mais um ser humano sem forças para lutar pelos seus direitos, desde muitos anos amparado pela lei universal dos direitos humanos.

Breve conclusão
Em suma, as sociedades não são homogéneas daí que todas as sociedades enfrentam problemas de desigualdade social que em sentido lato, significa estratificação social que designa o conjunto de sistemas de diferenciação social baseada na distribuição desigual de recursos e posições numa determinada sociedade.

Disponível em:
www.infopedia.pt/$estratificacao-social
www.fabiobook1.blogspot.com

Os Principais dialetos de Angola


Os Principais dialetos de Angola


ANO 1950
DIALETO ÁREAS DE INFLUÊNCIA POPULAÇÃO
Umbundo Bieno, Bailundo, Sele, Sumbe ou Pinda, Mbui, Quisange, Iumbo, Dombe, Ihanha, Huambo, Sembó, Cacondo e Chicuma. 1.443.742
Kimbundo Ngola ou Jinga, Bondo, Bangala, Halo, Cari, Chinje, Minungo, Songo, Bambeiro, Quissana, Libolo, Quibala, Haco e Sende. 1.083.321
Kikongo(Bakongo) Vili, Iombe, Cacongo, Oio, Sorongo, Muchicongo, Sosso, Congo, Zombo, Iaca, Pombo, Guenze, Paca e Coje. 479.818
Lunda-Kiolo Lunda, Lunda-Lua-Chinde, Lunda Ndemba, Quioco, Mataba, Cacongo ou Badinga e Mai. 357.693
Ganguela Luinbe, Luena, Lovale, Lutchz, Gangela, Ambueta, Mambunba, Engonjeiro, Ngoliebo, Mbaude, Cangala, Iashuma, Gengista ou Luio, Ncoia, Camachi, Ndungo, Nhengo, Nhemba e Avico. 328.277
Nhaneka-Humbe Muila, Gambo, Humbe, Donguena, Hinga, Cuancua, Handa (Mupa-Handa-Quipungo), Quilenge-Humbe e Quilenge-Muso 191.861
Ambo Vale, Cafima, Cunhama, Cuamato, Dombandola e Cuangar 62.141
Herero Dimba, Chimba, Chavicua, Cuanhoca, Mucubal e Guendengo 25.184
Hotentote-Bochimane Bochimane, Cazama 7.049
Vátua Cuepe e Cuissi 5.895
Xingonga Cussu 4.505
Fonte: VALAHU, M. (1968: 30-32).

De acordo com a tabela, Angola conta com onze dialetos diferentes, sendo que metade da população usa o Umbundo e Kimbundo.
Para distinguir um reino do outro, em 1557, os historiadores deram ao reino dos Kimbundos o nome de Ndongo - Ngola e Ndongo-Matamba, na região de Malange onde viviam as tribos Jingas. O reino dos Jingas tornou-se famoso pela crueldade das suas rainhas, que estenderam sua supremacia por toda parte da etnia Umbundo, sendo que metade deste grupo era dominado pelos Kikongos.
Os Kimbundos ocupam a região de Luanda, na direção norte-oeste, sendo vizinhos dos Kikongos. Umbundos formam a maior tribo negra de Angola e ocupam o litoral e o interior. Na porção Leste encontramos o grupo Lundo, que conjuntamente com os Quiocos vivem na fronteira catanguesa. No sudeste temos as tribos mais primitivas que são os Ganguelas.
Perante essa "Babilônia", os Portugueses impuseram a sua própria língua sem a qual aliás não é possível viver. Ao contrário dos Belgas, os Portugueses recusaram terminantemente a falar as línguas indígenas. A imposição lusa no aspecto lingüístico, que descaracterizou a identidade do povo angolano, foi a segunda forma de dominação, pois militarmente a metrópole sempre foi superior em todas as suas ações imperialistas.
Concluindo, podemos observar na conquista territorial uma seqüência de determinações que favoreceram a tomada portuguesa do território. Elementos como: diversidade étnica, evangelização, poder bélico, espionagem e comércio fizeram parte de um conjunto de estratégias que deram aos portugueses não só a posse do território angolano, como também de Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e o Enclave de Macau, além da sua maior conquista que foi a terra do Pau-Brasil.

Grupos étnico de Angola